“Antigamente, Deus falou, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, mas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro [...]”
(Hebreus 1.1-2)
Como os heróis nascem? Alguns picados por aranhas geneticamente modificadas, outros pelo efeito do sol amarelo, alguns atingidos por um raio e outros herdando uma fortuna e inteligências excepcionais. De fato, os heróis da ficção nascem de modos milagrosos e nenhum de nós espera — assim espero — receber semelhantes dons durante nosso cotidiano. Sempre sonhei em ter super velocidade; acredito que nalgum momento todos nós já desejamos poderes. Mas, sabe de uma? Vamos falar sobre como nascem os heróis do texto bíblico.
A cena padrão do nascimento do herói tem as seguintes características: mãe estéril ou impedida de ter filhos ora a Deus (também pode ser o seu marido) e por uma intervenção divina a criança nasce, essa criança se torna um personagem importante no texto bíblico.
Vamos aos relatos.
A primeira ocorrência dessa cena é o nascimento de Isaque. Abraão e Sara eram velhos (Gn 18.11) e Sara não podia dar filhos a Abraão (Gn 16.1).
Deus promete a Abraão que sua posteridade seria como as estrelas do céu (Gn 15.1-6). Contudo, como obter tamanha posteridade dado que Sara não podia lhe dar filhos? Uma intervenção divina (Gn 21.1-3) desencadeia no nascimento daquele que a fez sorrir: Isaque. Qual a importância de Isaque? Numa história de fé e confiança, Isaque tem um papel crucial na continuidade do plano de Deus e das promessas feitas a Abraão.
Outra ocorrência muito conhecida é o nascimento de Moisés. O faraó vigente ordenou às parteiras hebreias que matassem os meninos que nascessem das hebreias, o que serviria como impedimento para as jovens. Deus intervém e as parteiras não obedecem a Faraó. Assim, Moisés nasce tranquilamente e é escondido por três meses. Anos depois, Moisés é chamado por Deus para libertar seu povo do cativeiro e se torna o maior dos profetas, lemos:
“Nunca mais se levantou em Israel um profeta como Moisés, com quem o Senhor tratava face a face. [...] Nunca houve que tivesse tanto poder e fizesse os grandes e terríveis feitos que Moisés realizou à vista de todo o Israel.”
(Deuteronômio 34)
Nosso próximo herói é Sansão. “Havia um homem de Zorá, da linhagem de Dã, chamado Manoá, cuja mulher era estéril e não tinha filhos” (Jz 13.2). O Anjo do Senhor apareceu a essa mulher e afirmou que ela teria um filho e lhe deu todas as orientações necessárias para cuidar do jovem nazareno — note que ela omite um pedaço quando conta a seu marido. O “pequeno sol”, Sansão, nasce para grandes feitos. Com efeito, ele salva Israel de seus inimigos, os filisteus. Um herói para o povo apesar de tudo.
Há outros dos quais poderíamos falar a respeito como Samuel e João Batista (“Em verdade lhes digo que, entre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior do que João Batista”, Mateus 11.11), mas você entendeu a importância deles.
Na última ocorrência dessa cena, nasce o herói: Jesus Cristo. As condições são muito semelhantes às de outras mães e o herói anunciado pelos profetas irrompe os portais do mundo de tal forma que seu nascimento é contrário às leis do nascimento, uma entrada triunfal.
Pois, “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu filho, nascido de mulher [...]” (Gl 4.4) e nos deu tão maravilhosa salvação. Os outros heróis livraram Israel de problemas externos, como Moisés os livrou dos egípcios, mas Cristo nos libertou da escravidão do pecado e da morte eterna a fim de que pudéssemos viver eternamente.
Diante disso, quem é o seu Herói?