Certamente você já se perguntou por que os maus prosperam. A vida amiúde parece pesada para nós que servimos a Deus, enquanto que para os maus parece o “mar” de tulipas da Holanda. Não sei você, mas eu costumava me perguntar e ponderar o porquê disto.
No salmo 73, Asafe se pergunta a mesma coisa. Na verdade, usando a imagem do caminho, Asafe diz: “Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos” (73:2), ou seja, buscando entender porque os maus prosperam (73:3), não adoecem (73:4), “não partilham das canseiras dos mortais” (73:5), cingem a soberba como um colar e a violência e sua roupa (73:6), falam contra o céu (73:9), duvidam da supervisão divina (73:11) e têm uma vida, aparentemente, melhor do que a dele.
Habacuque, por exemplo, diz algo semelhante: “por que me fazes ver a iniquidade? Por que toleras a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há litígios e surgem discórdias” (Hb 1:3). Jó passou por situações que fariam qualquer um duvidar da bondade de Deus. O salmo continua, e Asafe exclama: “Inutilmente conservei puro o coração”, quem sabe permanecer no Caminho vale a pena.
Entretanto, duas coisas mudam a visão dele: (1) ele percebe que algumas respostas fogem ao raciocínio e (2) um encontro com Deus pode mudar tudo. Entrar no santuário de Deus, estar na presença Dele deu-lhe um novo horizonte, não mais agiria como um animal irracional, embrutecido e ignorante (73:22). Asafe contrasta um coração vacilante (73:26) com o braço divino (73:26). “Meditar nas revelações divinas confere discernimento acerca das questões difíceis da vida, uma orientação correta, direções acertadas e perspectivas claras”(Bíblia Andrews).
Então, Asafe confessa: “Quem tenho eu no céu além de ti? E quem poderia eu querer na terra além de ti?”(73:25), uma belíssima confissão que lembra João 6:68. Lembra-nos também do texto: “Deus não conduz jamais seus filhos de maneira diferente da que eles escolheriam se pudessem ver o fim desde o princípio, e discernir a glória do propósito que estão realizando como Seus colaboradores.” (Ciência do Bom viver, p. 479).
Asafe percebe que o amor e o cuidado de Deus para com seu povo depende apenas de Sua tenacidade. Compreende que ter Deus é ter tudo, que “o SENHOR é a herança [dele], como Ele mesmo prometeu” (Dt. 18:2).
Por fim, Asafe amplia o significado do verso 1: Deus deve ser o caminho para a pureza e que, apesar de tudo que reluz, bom mesmo “é estar junto a Deus [...] para proclamar todos os seus feitos” (73:28).
Que Deus abençoe a todos!
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