Certo dia, um homem idoso riquíssimo resolve caminhar. Era, talvez, três horas da tarde. Ele andava com o olhar fixo no horizonte pensando naquele que há muito se transviara. Um de seus filhos pediu sua parte da herança e sumira
no mundo, quem sabe o que faria.
Então, olhando para o poente, viu uma
silhueta formar-se. Será que é ele? De sobressalto ele começa a correr e a cada passo sua velocidade aumenta… Veja, é ele! Seus servos pasmaram, como poderia um homem como ele correr?
Todavia, o que ele desejava era abraçar o
filho, pois, seu “filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.”
(Lucas 15.24)
Essa parábola é o retrato do amor de Deus. O filho pródigo “caindo em si” percebe que errou, ensaia um pedido de perdão e, depois de se reencontrar com pai, ele não fala tudo porque seu pai o interrompe. À partir desse momento, ele apenas aceita o perdão do pai. Por quê? Porque esta é a parte que lhe cabe.
O pioneiro adventista William Warren Prescott escreveu um livreto chamado "Vitória em Cristo", onde se lê:
“Por um longo tempo eu tentei vencer o
pecado, mas falhei. Desde então aprendi o porquê. Em vez de fazer a parte que
Deus espera que eu faça, e que posso fazer; eu tentava fazer a parte de Deus, que ele não espera que eu faça e que eu, verdadeiramente, não posso fazer. Em suma, minha parte não é adquirir a vitória, mas receber a vitória que já foi adquirida para mim por Cristo.”
Percebe? O pai não permite que o filho termine sua fala porque ele queria que o filho aceitasse o perdão que já era dele.
Noutras palavras, Deus não quer que você invente mil formas para motivar o perdão dEle, mas que tu aceites o perdão daquele que “é rico em misericórdia.” (Efésios 2.4)
A vitória sobre o pecado, a conversão, o arrependimento, o novo coração são todos dados por Deus; vencer porque Jesus venceu e não como Jesus venceu. Entendeu?
“Esta vitória é inseparável da pessoa de Cristo, e quando aprendi como receber Cristo como minha vitória através da união com Ele, eu
experimentei algo novo."
(idem, p. 18)
Essa experiência não é sentimental nem
um novo estado de consciência, é, portanto, “paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1).
Por isto, não deves pensar nas suas falhas — presentes ou passadas —
tampouco permitir que influências externas (ou internas) os levem a perder a confiança em Cristo.
O diabo fará de tudo para que percamos nossa fé no poder de Cristo, todavia não devemos desanimar mesmo quando tudo desabar. A
vitória Dele é a nossa vitória.
A caminhada cristã é dura, cheia de percalços; mas é aliviada quando percebemos — e cremos — que Cristo cuida do impossível. Cristo não nos
chamou para vencer pecados ou quaisquer potestades, chamou-nos para uma íntima relação com Ele. A vitória de Cristo é um dom, como os são também o arrependimento, a conversão, a fé, o amor etc.
“Em essência, há uma coisa que Deus pede de nós — que sejamos homens e mulheres de oração, gente que viva perto de Deus, gente para quem Deus seja tudo e para quem Deus seja suficiente. Essa é a raiz da paz.
Temos paz quando o Deus gracioso é tudo que buscamos. Quando começamos a buscar qualquer coisa além dele, nós a perdemos.
Como disse Merton na última declaração pública antes da sua morte: ‘Este é o chamado dele para nós: simplesmente sermos gente a quem basta viver perto dele, e renovar o tipo de
vida em que essa proximidade é sentida e experimentada”.
(Brennan Manning
em O evangelho maltrapilho, p. 46)
Sua vitória é a minha vitória.
Já O recebeu como a sua vitória?